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Da independência fez-se a nação. Mas que nação? Quem somos os brasileiros? A letra veio num rompante, na madrugada logo após eu ter lido o tema. Para musicá-la, tive que ir de parte em parte, criando a melodia, gravando e cifrando cada segmento para não esquecer. É uma colcha de retalhos, um amontoado de referências da música popular brasileira: João Gilberto, Zeca Pagodinho, Tom Jobim, Benito de Paula, João Bosco, Jorge Ben, sambas-enredo clássicos, Chico Buarque, Molejo, João Nogueira, Gilberto Gil e outros.
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achados e perdidos
uma identidade foi achada nas areias da praia de copacabana após mais um reveillón com baixa estatística de crimes registrados nas dps/carimbado estava: mestiço, e, na foto 3x4, um retrato do brasil/o grupo que encontrou o documento o entregou ressabiado nas mãos do delegado que assistia a um videotape com os melhores momentos da seleção canarinho em amistosos contra o chile/a reportagem do jornal de bairro destacou gilberto freire, sérgio buarque de hollanda, antonio cândido, celso furtado, darcy ribeiro, entre outros do grupo/que estourou garrafas de champanhe antes e depois da boa ação/ao fim do videotape, o delegado primeiro ligou a cobrar para o acre e desejou um próspero ano-novo aos avós que moravam lá/depois, por puro passatempo, levantou o histórico do cidadão via ifp/fez um cafezinho, acendeu um cigarro, abaixou a tv/encontrou pouco sobre situações em que o elemento batia no peito para revelar sua identidade/e por “pouco” entenda bola no pé, medalha no peito, taça na mão/muito havia sobre pouco-caso e incerteza sobre as próprias atitudes/feito cão vira-lata procurando dono, querendo colo, matilha, raça/(e carimbado lá estava: mestiço)/olhava o vizinho com curiosidade: argentino bate panela, cultiva os ídolos, canta tango/por una cabeza.../olhava o próprio umbigo com incredulidade: brasileiro deixa estar, a vida leva, dança samba/sem idolatria, malandro/bater no peito, vestir camisa, mostrar bandeira traziam nhaca ufanista dos anos de chumbo/atestado de apoio ao governo e alienado à corrupção/confusões de ben com patropi, ivan lins com “meu país”/bandeira serve para enfeitar varanda e carro em dias de copa do mundo/o cidadão, de quatro em quatro anos, tira a dele da gaveta para cantar o virundum e se emocionar/o delegado desconfia que algum dia, em algum lugar, tenha havido certo alívio pelo fato de a capital tupiniquim ter se mudado para um deserto/longe demais dos grandes centros/a panela de pressão esfria, a gente esquece e tudo segue em frente/deixa a vida me levar/espero sua visita, meu amigo charlie brown/na linda manhã do ano novo que nasce, tudo continua de maneira cordial/nas areias das praias, bolsas foram achadas/ muitas identidades foram deixadas para trás/ várias foram roubadas/outras o mar apagou/nunca houve queixa alguma/brasil tanto faz
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